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Campo-grandense de nascimento e desbravadora por opção. Paula Magalhães, de 36 anos, decidiu largar a vida estável que levava em Mato Grosso do Sul para desenterrar um sonho antigo: conhecer a Itália. Recentemente, a arquiteta ficou famosa por comprar não uma, mas três casas de apenas um euro cada no sul do país europeu. Assista ao vídeo acima.
A história viralizou tanto que a arquiteta chamou a atenção da apresentadora Sabrina Sato, que foi conhecer uma das "casinhas" de um euro de Paula. No último domingo (15), a sul-mato-grossense teve um momento exclusivo no quadro “Essa Eu Quero Ver”, no Fantástico. Veja o vídeo mais abaixo.
O g1 foi atrás da arquiteta para conhecer um pouco mais da história dela e saber como funcionam as compras das casas de um euro na Itália. Um adendo: ainda há imóveis pela bagatela de R$ 6 - que equivalem ao valor de 1 euro - para serem comprados no país europeu.
Brasileira já comprou três casas que custaram 1 euro cada, na Itália. — Foto: Paula Magalhães/Arquivo Pessoal
Paula nasceu e cresceu em Campo Grande, a capital de Mato Grosso do Sul. Na cidade, o contato direto com a fauna e flora sempre a encantou. A paixão pela arquitetura também começou na região, até que ela partiu para a graduação e realizou o sonho de ser arquiteta.
Mesmo tendo uma vida confortável e vários projetos de arquitetura em Campo Grande, Paula tinha um desejo inquietante que sempre se sobressaiu. Morar fora do Brasil era mais que uma vontade. Em 2018, ela resolveu desbravar a Europa.
“Em Campo Grande eu tinha meu escritório. Estava com uma vidinha tranquila, normal e feliz com a minha casinha e meus cachorros. Mas sabe, assim, quando você quer um pouquinho mais? Sempre foi um plano morar na Itália. Quer dizer, sempre foi um plano morar fora”, relembra Paula.
A arquiteta explica que o primeiro destino na Europa foi Barcelona. Como os bisavós dela eram italianos, Paula resolveu conhecer a Itália e reconhecer a cidadania. “Eu pensava em voltar para Barcelona, mas acabei ficando. Fiquei! Há quase cinco anos moro aqui na Itália. Eu encontrei o meu lugarzinho aqui”.
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Saudades do Brasil foi pontapé para iniciar projeto na Itália. — Foto: Paula Magalhães/Reprodução
Com saudades de casa, do verde e dos animais de Mato Grosso do Sul, Paula quis ter um espaço dela na Itália.
“Sempre tive contato com a natureza. Quando vim para a Itália, em 2019, senti muita falta deste contato com a natureza e com os animais. Aqui na Itália é uma selva de pedras, as casas são antigas e quase nunca tem uma árvore ou jardim. Eu sentia muita falta disso”.
Comprar a primeira casa por um euro, na Itália, não foi tarefa fácil, como Paula lembra. A arquiteta teve que participar de um edital público, aberto pela prefeitura de Taranto, que tinha como finalidade revitalizar o centro histórico da cidade italiana.
“Em 2021, eu participei do edital para comprar um prédio de 3 andares por 1 euro. Ganhei o edital com a maior nota do concurso, foi lindo e emocionante. Muitas pessoas não acreditavam que eu ia ganhar”.
Além de ter uma casa na Itália, Paula tinha um outro objetivo: montar um portfólio com obras arquitetônicas no país europeu.
“Na hora que eu vi o edital fiquei enlouquecida para participar. Queria divulgar meu trabalho e fazer com que outras pessoas vissem. No edital eu tive que apresentar um projeto para aquele imóvel em específico. A prefeitura analisa e depois de três meses recebi a resposta positiva”.
Casa em Limosano foi escolha despretensiosa de Paula. — Foto: Paula Magalhães/Reprodução
A primeira casa que Paula comprou foi em Taranto. As outras duas casinhas que custaram apenas um euro cada estão em Limosano, outra cidade italiana. Foi lá que Sabrina Sato conheceu a residência abandonada da arquiteta.
Depois de vencer o edital em Taranto e conseguir a casa pelo valor simbólico, Paula queria mais. A arquiteta conheceu as residências em Limosano de forma despretensiosa, foi até a cidade para comprar apenas uma outra casa, mas acabou levando duas.
“O projeto chegou na mão dos proprietários, que quiseram passar uma outra casa para o meu nome, no valor simbólico de um euro. Eles falaram que eu ia conservar e tomar conta da casinha que era da família deles”.
Diferente de Taranto, Paula não precisou participar de um edital público para comprar as casas em Limosano. A compra foi acordada com os próprios proprietários dos terrenos e das residências.
Investimento para reformar as casas é alto. — Foto: Paula Magalhães/Arquivo Pessoal
As três casas que Paula comprou realmente custaram apenas um euro cada. Porém, o combinado para a aquisição das residências neste valor é diferente. A arquiteta teve que assinar contratos, assumindo a responsabilidade de reformar os locais por completo.
No prédio em Taranto, Paula teve que pagar uma caução de dois mil euros, equivalentes a R$ 12 mil. Este valor fica com a prefeitura da cidade até ela começar as obras na casa, quando o montante deve ser devolvido para a arquiteta.
“A reforma vai ser da maneira mais sustentável e econômica possível. Tem muita coisa para fazer. São muitos investimentos! Sim, coisas que inclusive eu posso fazer também ao longo do tempo”, afirma.
Tanto as casas de Limosano quanto a de Taranto ainda são projetos. Em Taranto, Paula espera a documentação aprovada pela prefeitura para conseguir entrar no prédio.
Já em Limosano, a burocracia também fez com que as obras fossem adiadas. “Ainda não tirei do papel. A burocracia italiana é forte. Ganhei o concurso em 2021 e há dois anos que estou aguardando os documentos para fazer as reformas. Eu nem consegui entrar na casa, porque a propriedade foi fechada de pedras para não entrar bicho”.
Reformas ainda não começaram. — Foto: Paula Magalhães/Reprodução
As casas de um euro são verdadeiros investimentos, como Paula comentou em conversa com o g1.
No prédio de Taranto, além de ser a casa dela, a arquiteta pretende abrir o espaço para mostras de arte e arquitetura no futuro. Batizado de Projeto Tropicale, Paula faz das obras uma saudação ao Brasil.
“Procuro fazer essas casas tentando aproveitar o máximo de coisas que têm dentro da casa, tipo móveis velhos, piso antigo, teto de madeira, tudo que eu posso aproveitar eu vou aproveitando. Nós trazemos um pouco das cores das nossas plantas, nossa decoração é um pouco mais alegre. Quero levar um pouco da brasilidade e conservar o contexto histórico de cada casa, da região, de quem morou ali naquela casa”, explica.
Já as casas de Limosano serão vendidas futuramente ou vão servir para aluguel por temporada, de acordo com a arquiteta. Antes de finalizar a conversa, Paula lembrou que ainda há casas de apenas um euro à venda em Limosano.
Na cidade, a prefeitura aprovou um programa para revitalizar o centro histórico. Nas 200 casas da região, atualmente só duas famílias moram por lá.