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Uma missão espacial que era para durar 8 dias acabou se alongando por meses. Primeiro, por três. Mas a situação ficou mais constrangedora... E, agora, a Nasa decidiu que era arriscado demais trazer os dois astronautas "presos no espaço" de volta na mesma cápsula em que eles subiram, feita pela Boeing em um contrato de R$ 8 bilhões, e optaram por trazê-los em uma cápsula que só deve voltar à Terra no começo de 2025 — totalizando 8 meses — justamente de "carona" em uma cápsula da concorrente Space X, do bilionário Elon Musk. Quem explica isso é Salvador Nogueira, jornalista de ciência e colunista do jornal "Folha de S.Paulo", em entrevista ao podcast O Assunto desta segunda-feira (9). "Para Boeing, realmente, é um fiasco. É um problema muito sério para eles. Para Nasa, pelo contrário, é uma demonstração de força. Porque, até então, veja só, a ideia de ter duas empresas era você ter concorrência, duas concorrendo para ver se alguma delas conseguiria entregar aquilo que era uma coisa desafiadora, nunca nenhuma empresa tinha feito isso nesses moldes." Os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams terão que esperar até o fim de fevereiro para voltar para casa. — Foto: NASA/Divulgação Como explica Nogueira, para além de constrangedor para a Boeing, a situação virou fonte de conflito entre a empresa e a Nasa até com discussões. Nas últimas coletivas, os representantes da Boeing foram excluídos por terem posições diferentes -- enquanto eles defendem que a espaçonave era segura para transportar os astronautas de volta, a Nasa tem se mostrado rescaldada por conta de acidentes com mortes e uma fama de subestimar risco. "Dessa vez, a Nasa mostrou a força da sua estratégia de ter dois fornecedores e pode fazer uma escolha. Falar 'olha, tem um que está operando já normalmente, é mais seguro, eu posso optar voltar com esse a voltar com essa cápsula aqui que aparentemente é segura, mas, se a gente estiver subestimando o risco, teremos um problema muito sério'." Ainda que o problema não tenha atingido totalmente a imagem da Nasa neste momento, a situação pode, futuramente, colocar a agência em apuros. "Então, para a Nasa, foi uma vitória, embora, claro, seja um problema para o futuro, porque ela pode perder essa redundância se, de repente, a Boeing desistir de seguir adiante no projeto. É um risco que ela corre."