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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta terça-feira (25) que o governo trabalha com outras alternativas à proposta de um plebiscito sobre uma Constituinte exclusiva para se elaborar a reforma política.
A proposta de plebiscito para um processo constituinte específico da reforma política foi anunciada nesta segunda, pela presidente Dilma Rousseff, durante reunião com governadores e prefeitos, convocada como forma de resposta às manifestações de rua que se espalham pelo país.
Uma reforma política pode produzir mudanças nos critérios de representatividade dos eleitores, de escolha de governantes e parlamentares, no financiamento de campanhas eleitorais, coligações entre partidos, propaganda na TV e no rádio, entre outros pontos.
Nesta terça, Dilma recebeu, no Palácio do Planalto, o presidente da
Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinícius Furtado Coelho, para
conhecer a proposta elaborada pela entidade em parceria com a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e com o Movimento de
Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE).
Marcus Vinícius Coelho deixou a reunião, de aproximadamente duas horas,
dizendo que a presidente Dilma havia se "sensibilizado" com a proposta
da entidade. "O governo sai [da reunião] convencido de que a proposta
constituinte atrasa o processo de reforma e não é o mais adequado",
disse o líder da OAB.
A OAB propôs levar a plebiscito sua proposta de reforma política, o que, segundo ele, "pularia uma etapa" no processo.
"Fazer o plebiscito para convocar a assembleia e aí então elaborar a
reforma política atrasaria o processo", afirmou o advogado.
Em seguida, o ministro da Justiça, que também participou da reunião com
a presidente, disse que o governo "não encampou nem deixou de encampar"
a proposta apresentada pela instituição. Mas afirmou que a ideia de se
levar a um plebiscito as sugestões elaboradas pela OAB é "interessante".
"O que a Ordem colocou hoje é: não é necessário processo constituinte
nenhum, seja por assembleia, seja por emenda constitucional. Isso é
inegavelmente algo interessante e tem que ser discutido", disse o
ministro.
Cardozo explicou que, durante a reunião com os governadores e
prefeitos, a presidente Dilma, não "fechou as portas" para outras
possibilidades de se fazer um "processo constituinte específico".
"Há várias maneiras", disse. "Uma das maneiras muito apontadas para se
fazer o processo constituinte específico é a assembleia constituinte, e
tem muita gente que defende. Há outras alternativas? Há. Nós temos que
ouvir a sociedade, e é nessa perspectiva que estamos fazendo esse
conjunto de reuniões. E, se o governo já tivesse uma proposta fechada,
para que ouvir?", afirmou o ministro.
Plebiscito
Uma das "premissas claras" que o governo não abandonará, segundo
Cardozo, é a do plebiscito. "A premissa de que partiu a presidenta ontem
foi: a reforma política é necessária, é necessário que ela seja feita
com a oitiva da sociedade e das pessoas", disse o ministro.
"Achamos fundamental que a reforma política passe por um processo de
ampla discussão com a sociedade, e o plebiscito tem um papel muito
importante para que essa reforma política ocorra, na medida em que se
dará a possibilidade de a sociedade, de as entidades, de as pessoas se
manifestarem e indicarem qual o rumo que acham correto para a reforma
política", declarou.