Tropas da Força Nacional de Segurança devem chegar neste domingo (18) à região de Buerarema, no sul da Bahia, após os atos de violência registrados na localidade durante protestos contra a ocupação de terras por índios.
O anúncio foi feito na sexta-feira (16) por meio de nota emitida pelo governo do estado. O apoio foi solicitado pelo governador Jaques Wagner ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que teria garantido o envio das tropas. Os efetivos das polícias Federal e Militar também devem ser reforçados na região.
Protesto
Quatro veículos do governo foram queimados na tarde de sexta-feira (16), na BR-101, na Bahia. A via foi fechada no início da manhã e liberada somente no final da tarde. Na manhã deste sábado (17), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que a BR-101 estava tranquila, sem novos protestos. Até as 14h, os veículos incendiados permaneciam na rodovia, mas não afetavam o fluxo de veículos.
De acordo com informações da polícia, parte dos manifestantes chegaram a invadir uma sede da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), que foi saqueada. Ninguém ficou ferido durante o protesto.
Ainda segundo a polícia, a manifestação foi promovida por fazendeiros do município e proprietários rurais da região sul da Bahia. A polícia diz que os manifestantes pedem a intervenção do Governo Federal para resolver o impasse com as tribos indígenas na região.
O caso
A localidade conhecida como Serra do Padeiro, entre Buerarema, Una e Ilhéus, é alvo de disputa entre índios e fazendeiros. De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), indígenas estão ocupando fazendas que se encontram no interior da Terra Indígena Tupinambá de Olivença, que pertence aos índios Tupinambás.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirma que 300 indígenas Tupinambás participam das ações de ocupação das fazendas, que ficam em uma área de 47.376 hectares. Segundo o Cimi, entre o dia 2 e a terça-feira (13), 40 propriedades foram retomadas. O órgão conta que a área foi reconhecida pela Funai e que o processo estaria parado no Ministério da Justiça, o que teria motivado a ocupação das terras.
No entanto, Luis Uaquim, presidente da Associação dos Pequenos Produtores, alega que a área ainda não foi demarcada. "São locais de 2, 3 hectares. Não tem nada homologado. Nada que diga que é uma área indígena", afirma. Ele conta ainda que os índios estariam sendo violentos durante a ocupação das propriedades.
Eles [os índios] contratam pessoas e elas se vestem de índio, e vão atirando, tocando fogo nas propriedades. Eles [os fazendeiros] estão vivendo um terror. Eles moram lá e não têm pra onde ir. Isso é terror mesmo", afirma Uaquim.
"Nessa noite [quinta-feira] eles invadiram mais uma, usaram extrema violência, bateram em três pessoas. Também tocaram fogo em um barzinho, em uma garagem", conta Herman Isensee, membro da direção da associação.
Segundo o Cimi, na noite de quarta-feira (14), um caminhão que transportava alunos da Escola Estadual Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro, foi alvo de tiros oriundos de um homem que se encontrava em cima de um barranco. Duas pessoas ficaram feridas. Para o órgão, o objetivo do atirador era atingir um homem que seria irmão de um cacique Tupinambá.
A Polícia Federal está na região para investigar o caso, mas ainda não informou o número de propriedades que teriam sido invadidas por índios ou se houve casos de agressão. As polícias Militar e Civil também trabalham na investigação do caso.