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Em um hospital de São Paulo, desde que os casos
de febre
amarela silvestre começaram a aumentar em Minas Gerais,
a procura por vacinas
triplicou. São 23 mortes confirmadas em terras
mineiras e dois óbitos no
noroeste paulista - em São José do Rio Preto e
em Ribeirão Preto. O G1
conversou com especialistas para entender qual
é o tamanho da epidemia e quem
precisa correr para se prevenir contra a doença.
1. Por que este surto de febre amarela é chamado de "silvestre" e "selvagem"?
Porque os casos são registrados em regiões rurais ou de mata,
transmitidos pelos
mosquitos Haemagogus ou Sabethes. Por enquanto, não foi
detectada a transmissão
da doença pelo Aedes aegypti, mais famoso pela dengue,
zika e chikungunya e por
gostar das áreas urbanas.
2. É possível que a epidemia chegue às grandes cidades?
Sim. Uma pessoa infectada em zona rural poderá ir para uma
cidade.
Uma vez picada por um mosquito Aedes aegypti, o inseto poderá
transmitir para outra pessoa,
e assim por diante. A boa notícia é que isso não
aconteceu ainda, de acordo com o Ministério
da Saúde e os médicos
entrevistados.
"A pessoa que vive dentro da cidade, em São Paulo por
exemplo, não precisa entrar em pânico,
mas é verdade que todo mundo tem que
receber pelo menos uma dose da vacina [...]. Sem dúvida
alguma, pessoas que têm
contato com área rural ou silvestre precisam estar vacinadas", disse
Marcelo
Simão, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Vale ressaltar que o vírus da febre amarela não é transmitido
de pessoa para pessoa, apenas pela
picada de mosquitos infectados.
"A epidemia, na verdade, está entre os macacos da mata.
O homem adentrando ou estando próximo
é picado pelo mesmo mosquito e adquire a
doença", completou Simão.
3. Devo sair atrás da vacina, então?
Como o surto está concentrado fora das regiões urbanas, o
Ministério da Saúde recomendou a
imunização para todas as pessoas que residem
em Áreas com Recomendação da Vacina contra
febre amarela e aqueles que vão
viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata. Os estados do Ceará,
Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo e
Rio de
Janeiro estão fora da área de recomendação para a vacina.
4. Quem pode se vacinar?
Em situações de emergência, a vacina pode ser administrada já
a partir dos 6 meses. O indicado,
no entanto, é que bebês de 9 meses sejam
vacinados pela primeira vez. Depois, recebam um segundo
reforço aos 4 anos de
idade. A vacina tem 95% de eficiência e demora cerca de 10 dias para garantir
a
imunização já após a primeira aplicação.
Pessoas com mais de 5 anos de idade devem se vacinar e
receber a segunda dose após 10 anos. Idosos
precisam ir ao médico para avaliar
os riscos de receber a imunização.
Por causar reações, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) não recomenda a vacina para
pessoas com doenças como lúpus,
câncer e HIV, devido à baixa imunidade, nem para quem tem mais
de 60 anos,
grávidas e alérgicos a gelatina e ovo.
5. Eu me vacinei uma vez, preciso me vacinar novamente?
De acordo com o infectologista Artur Timerman, presidente da
Sociedade Brasileira de Dengue e
Arboviroses, é importante se vacinar duas
vezes - a segunda dose deverá ser tomada depois de 10 anos.
Depois disso, a
pessoa ficará imune por toda a vida.
Para áreas epidêmicas da doença, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) informa que é necessária
apenas uma dose - a chance de o corpo
entrar em contato com doença por uma segunda vez antes de
perder a proteção é
grande. Tal contato reforça a criação de anticorpos e funcionaria como uma
segunda
dose.
6. A doença vai se espalhar por todo o Brasil?
Depende. De acordo com os especialistas, se a população de
Minas Gerais e das áreas afetadas passar
por uma boa vacinação de contenção, o
surto irá diminuir. Todas as pessoas residentes nas regiões
dos casos devem ser
imunizadas.
O Ministério da Saúde informou que todos os estados estão
abastecidos com a vacina e o país tem
estoque suficiente para atender toda a
população nas situações recomendadas. O órgão disse, ainda,
que enviou 735 mil
vacinas ao estado, totalizando mais de 1 milhão de doses ao estoque de Minas
Gerais.
7. Quais os sintomas da febre amarela?
A doença se torna aparente de três a seis dias após a
infecção, de acordo com o Ministério da Saúde.
Os sintomas iniciais são febre,
calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas, dores no
corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. A maior parte das pessoas
apresenta uma
melhora após tais sintomas.
Cerca de 20% a 40% das pessoas que desenvolvem a versão mais
grave da doença
(15% do total de infectados) podem morrer.