Aproximadamente 35% das pessoas com mais de 65 anos de idade sofrem quedas a cada ano, subindo essa proporção para 42% entre as que têm mais de 70 anos. A frequência aumenta com a idade e o nível de fragilidade. Idosos que moram em casas de repouso também caem com frequência. Aproximadamente 50% das pessoas que vivem institucionalizadas sofrem quedas, a cada ano, e 40% delas experimentam quedas recorrentes, como aponta o relatório sobre quedas na velhice da Organização Mundial da Saúde (OMS).
"As quedas são decorrentes do próprio envelhecimento. Os ossos perdem massa muscular e o equilíbrio não é o mesmo", afirma Eduardo Hebling, professor da faculdade de odontologia da Unicamp e especializado em gerontologia, ciência que estuda o envelhecimento. Com o passar dos anos, cair se torna uma grande preocupação. De acordo com Hebling, num primeiro momento, o maior problema é em relação às fraturas, mas, depois, devido à idade, a cicatrização dos ossos merece muita atenção. "Com todos esses fatores de risco, o mais preocupante é que essas quedas causem um impacto na qualidade de vida do idoso", diz.
Segundo o especialista, o maior inimigo é aquele que abriga o idoso: sua casa. Dependendo da maneira como estão distribuídos móveis e tapetes, o idoso corre risco diário de sofrer uma queda e ser, eventualmente, hospitalizado. "Pequenas coisas podem ser feitas no ambiente no qual o idoso reside. Uma mesa de centro má posicionada pode-se tornar uma cilada", orienta Hebling.
Os problemas domésticos incluem também degraus estreitos, superfícies de escada escorregadias e iluminação insuficiente. Design de prédios, pisos escorregadios, calçadas quebradas ou irregulares e iluminação insuficiente em locais públicos são os fatores que contribuem para as quedas responsáveis por lesões.
Prevenção é o desafio
A prevenção é um desafio ao envelhecimento populacional. O número de quedas cresce à medida que o número de adultos mais velhos aumenta. O impacto econômico das quedas é crítico para a família, a comunidade e a sociedade. Relatório da OMS aponta que os fatores de proteção são ligados à mudança comportamental e às modificações ambientais. A mudança comportamental para um estilo de vida saudável é um ingrediente chave para encorajar o envelhecimento saudável e evitar quedas. Não fumar, consumir álcool moderadamente, manter o peso em níveis normais e fazer um nível aceitável de atividade física são fatores que protegem os idosos das quedas.
Manter uma dieta saudável e balanceada também é essencial para o envelhecimento saudável. A ingestão adequada de proteína, cálcio, vitaminas e água é fundamental para manter a saúde. Caso existam deficiências, podem vir a ocorrer fraqueza e crescimento do risco de lesões.
Alguns comportamentos aumentam o risco de quedas na terceira idade. Esses comportamentos incluem subir em escadas; ficar em pé sobre cadeiras ou curvar-se para realizar atividades cotidianas; e correr sem dar atenção ao ambiente ou não usar artefatos de apoio à mobilidade, como bengalas ou andadores. Usar sapatos mal ajustados é outro comportamento de risco, assim como andar de meias e sem sapatos ou usar chinelos com solas escorregadias. Os sapatos apropriados são de particular importância. Por isso, vale evitar saltos altos, solas finas e duras ou chinelos de tamanho inapropriado que não estejam corretamente ajustados aos pés.
Como evitar quedas?
No banheiro
- Tapetes emborrachados antiderrapantes
- Boa iluminação com lâmpadas fluorescentes
- Cores diferentes na parede e no piso em relação ao assento sanitário e à pia do banheiro
- Barras de apoio laterais e aumento da altura do assento sanitário
Na sala
- Caminho livre de fios e sem bagunça
- Sofás firmes e altos
- Poltronas com braços
No quarto
- Tapetes fixos no chão, que não deve ser encerado
- Sapatos com solado antiderrapante
Na cozinha
- Armários fixos e de fácil alcance
Nas escadas
- Corrimão nas laterais
- Livre de objetos
- Fitas antiderrapantes nos degraus
- Interruptores de luz nas partes superior e inferior da escada