Ex-homem forte da articulação política do governo Michel Temer, o ex-ministro Geddel Vieira Lima voltou a ser preso ontem na Penitenciária da Papuda, em Brasília, e se transformou em um novo fantasma para os políticos do comando do PMDB e do governo. Tido como uma pessoa instável emocionalmente, Geddel é apontado como uma bomba que pode explodir sob pressão.
Segundo o jornal O Globo, o grande temor é de uma delação premiada que complique a situação do governo, na véspera de uma possível nova denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Temer.
A prisão foi realizada ontem em Salvador pela Polícia Federal, depois que foi descoberto o "bunker" onde Geddel escondia R$ 51 milhões de origem desconhecida. Ao menos parte do dinheiro seria de quando Geddel era vice-presidente da Caixa, no governo de Dilma Rousseff. A suspeita da PF é que ao menos R$ 20 milhões sejam de propinas para viabilizar a liberação de crédito do FI-FGTS a empresas. O peemedebista também integrou a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, como ministro da Integração Nacional.
A estratégia do Planalto é isolar o antigo aliado e se blindar de uma possível delação. No meio da tarde, o ex-ministro foi transferido para Brasília e ficará preso na Papuda, onde está também o operador Lúcio Bolonha Funaro. Junto com Geddel foi preso o diretor-geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Gustavo Ferraz (PMDB), seu aliado. No fim do dia, Ferraz foi exonerado.
O pedido de prisão foi feito pela PF e endossado pela Procuradoria da República no Distrito Federal. Os crimes investigados são corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O mandado que resultou na operação foi assinado pelo juiz Vallisney de Souza, da 10ª Vara Federal de Brasília.