As mulheres brasileiras ainda ganham menos e consomem mais tempo do que os homens com os cuidados da casa e de familiares, segundo dados do IBGE.
Elas dedicaram 73% a mais de horas a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos do que homens em 2016. Foram 18,1 horas semanais para as mulheres e 10,5 horas para os homens.
Os dados do IBGE, com base na pesquisa nacional Pnad Contínua, mostram que a desigualdade no gasto de tempo para tais atividades é maior no Nordeste, onde a dedicação das mulheres é 80% superior à dos homens, chegando a 19 horas semanais. A comparação também se agrava no recorte por raça e idade. São 18,6 horas semanais dedicadas por mulheres pretas ou pardas em 2016. Entre as brasileiras acima de 50 anos, a dedicação supera as 19,2 horas.
JORNADA FLEXÍVEL
Com mais tempo investido nos cuidados da casa e de familiares, é comum buscar jornadas de trabalho mais flexíveis.
"Mulheres que necessitam conciliar trabalho remunerado com afazeres domésticos e cuidados, em muitos casos, acabam por trabalhar em ocupações com carga horária reduzida", diz o IBGE.
A proporção das que trabalham em período parcial, de até 30 horas, é de 28,2%. Já no grupo dos homens, esse percentual ficou em 14,1% em 2016. As desigualdades se acentuam por região: entre as mulheres no Norte e no Nordeste, o percentual beira os 37%. No recorte por raça a presença do trabalho por tempo parcial também apresenta maior disparidade (31,3% entre pretas ou pardas e 25% entre as brancas).
RENDIMENTOS
Em relação aos rendimentos médios do trabalho, as mulheres seguem recebendo cerca de 3/4 do que os homens recebem. Contribui para isso a própria natureza dos postos de trabalho ocupados pelas mulheres, em que se destaca a maior proporção dedicada ao trabalho em tempo parcial", afirma o IBGE.
A despeito da persistente desigualdade no mercado de trabalho, nos últimos 30 anos, o nível de escolaridade das mulheres cresceu em relação aos homens. Na faixa etária de 15 a 17 anos, a frequência à escola ficou em patamar muito próximo para ambos (87,1% para mulheres e 87,4% para homens). Já na faixa entre 18 e 24 anos, a frequência delas é superior (34,1%) à dos homens (31,6%).
Na população de 25 anos ou mais com ensino superior completo, os homens aparecem com 13,5%, abaixo das estatísticas femininas, que apontam (16,9%).