Nesta terça-feira (12), em Singapura, pela primeira vez um presidente em exercício dos Estados Unidos e um líder da Coreia do Norte - um dos regimes mais fechados do planeta -, se encontraram. As negociações entre Donald Trump e Kim Jong-un tiveram como principal objetivo discutir a desnuclearização da Coreia do Norte após mais de um ano de tensões envolvendo os dois países, além de seus vizinhos Coreia do Sul e Japão.
A histórica reunião teve início às 22h de Brasília (9h da manhã em Singapura), com um aperto de mão entre os líderes em frente às bandeiras de ambos os países. Por volta das 2h30 de Brasília, eles assinaram um acordo em que são tratadas questões sensíveis há anos entre as duas nações. Entre eles, o compromisso norte-coreano pela completa desnuclearização, novas relações entre os dois países, garantias de segurança por parte dos Estados Unidos, entre outros.
VEJA acompanhou o encontro e a passagem dos dois líderes pela pequena cidade-Estado de Singapura
07h33: Via blog Mundialista ? Trump mordeu e assoprou até conseguir milagre de Singapura
Se dependesse dos vudus lançados pela imprensa americana, além seus imitadores em outros lugares, Donald Trump iria ser completamente enganado e feito de bobo pelo ex-homenzinho-foguete, agora gentil negociador Kim Jong-Un.
06h39: Presidente da Coreia do Sul diz que não dormiu antes de reunião Trump-Kim
Moon Jae-in disse que não conseguiu dormir à noite antes da reunião realizada em Singapura. O sul-coreano afirmou que "espera ardentemente" pelo sucesso do encontro e que acredita que isso resultará na completa desnuclearização da Península Coreana e na paz.
06h24: Trump encerra coletiva de imprensa após mais de uma hora
O presidente americano respondeu às perguntas dos jornalistas presentes na sala de conferência em Singapura por 1h05. Entre os principais temas abordados estavam a declaração conjunta assinada pelo líder com Kim Jong-un e o programa nuclear de Pyongyang.
Trump afirmou que o arsenal nuclear da Coreia do Norte é "muito substancial". Ainda assim, insistiu que confia nas boas intenções de Kim e disse que o ditador poderia completar o processo de desnuclearização em pouco tempo.
06h12: Trump insinuou que os Estados Unidos irão interromper os exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul
O líder americano afirmou que os Estados Unidos irão interromper os "jogos de guerra", uma aparente referência aos exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul que Pyongyang considera provocativos.
A suspensão das manobras militares da península significará "uma tremenda economia" para os Estados Unidos, segundo Trump, que também classificou estes exercícios como "provocativos", durante sua entrevista
O presidente disse ainda que espera eventualmente retirar os soldados americanos da Coreia do Sul, mas ressaltou que "isso não faz parte da equação neste momento".
06h08: Trump está confiante que Kim irá "cumprir" compromissos estabelecidos
Donald Trump afirmou estar confiante de que a Coreia do Norte irá "cumprir" com os compromissos estabelecidos na declaração assinada entre as duas partes nesta terça-feira.
"Ele foi muito firme no fato de que quer fazer isso", disse. "Eu acho que ele quer fazer isso tanto quanto ou até mais que eu."
O presidente americano participou de uma coletiva de imprensa antes de voltar aos Estados Unidos. Ele anunciou que, além dos comprometimentos com a desnuclearização e paz estabelecidos pela declaração conjunta assinada mais cedo, Kim também assumiu a responsabilidade de destruir um de seus centros de testes de mísseis.
04h40: Trump deve fazer declaração à imprensa em alguns minutos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve participar de uma coletiva de imprensa por volta das 16h do horário local em Singapura (5h em Brasília). O republicano deve falar sobre os avanços conquistados em seu encontro com Kim Jong-un.
04h26: O que significa Kim Jong-un ter viajado a Singapura em avião da China?
A chegada de Kim Jong-un a Singapura a bordo de um avião da China mostra que Pequim pretende manter literalmente sob suas asas o jovem dirigente norte-coreano, no momento em que ele negocia um desfecho incerto com o presidente americano, Donald Trump.
03h57: Em declaração, Kim se compromete a trabalhar pela desnuclearização
Segundo fotos da declaração assinada por Donald Trump e Kim Jong-un divulgadas pela imprensa americana, o líder norte-coreano se comprometeu a trabalhar pela desnuclearização da Península Coreana. Em troca, o presidente americano deve garantir segurança à Coreia do Norte.
Os líderes também se comprometeram a lutar pela paz na Península .
03h25: Trump diz que convidará Kim Jong-un para visita aos Estados Unidos
Falando momentos depois que os dois líderes assinaram uma declaração conjunta, Donald Trump afirmou que desenvolveu um "vínculo muito especial" com Kim Jong-un. "Foi uma honra estar com você", disse ao líder norte-coreano.
Quando perguntado se ele convidaria Kim para uma visita à Casa Branca, Trump respondeu: "Absolutamente, eu vou."
Diante das bandeiras dos Estados Unidos e da Coreia do Norte, onde começaram o dia histórico, Trump e Kim apertaram as mãos uma última vez.
"Ele é um negociador digno", disse Trump aos repórteres reunidos. "Ele está negociando em nome de seu povo."
03h17: Trump e Kim Jong-un já deixaram local do encontro
As delegação de Kim Jong-un e Donald Trump já deixaram o Capella Hotel, na ilha Sentosa, em Singapura. O ditador norte-coreano e o presidente americano se reuniram durante toda a manhã (horário local) e participaram de um almoço.
Os líderes também assinaram uma declaração conjunta. Os detalhes do documento ainda não foram divulgados.
02h53: Trump e Kim assinam declaração em Singapura
Líderes assinaram uma declaração, após seu histórico encontro em Singapura. Segundo o presidente americano, este é um "documento muito importante, um documento bastante abrangente".
Trump, contudo, não deu detalhes sobre o conteúdo da declaração.
Já o líder norte-coreano afirmou que reunião foi "histórica". "Decidimos deixar o passado para trás", disse.
02h38: Encontro é notícia em todo o mundo
O histórico encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, é manchete em todo o mundo. Grandes veículos como The New York Times, The Guardian, Le Monde e The Economist dão destaque para a reunião em Singapura.
01h51: Trump e Kim devem assinar documento em breve
Após o almoço, Kim e Trump se dirigiram à imprensa em um dos jardins do Capella Hotel. O presidente americano afirmou que os dois iriam assinar um documento.
Um repórter perguntou o que eles iriam assinar. Trump respondeu: "Vamos anunciar isso em alguns minutos"
01h36: Conheça o cardápio do almoço entre Trump e Kim Jong-un
O repórter da agência de notícias Associated Press, Zeke Miller, divulgou uma cópia do cardápio do almoço que será oferecido às delegações dos Estados Unidos e da Coreia do Norte. Entre as opções de pratos estão comidas típicas coreanas, malásias e chinesas.
01h05: Delegações participam de almoço oficial após reuniões
Donald Trump e Kim Jong-un agora participam de um almoço oficial no Capella Hotel em Singapura, ao lado de suas delegações.
Os líderes já se reuniram por 48 minutos em um encontro privado e por volta de 1h30 em uma reunião com outros membros de seus governos.
Trump e Kim comerão em uma longa mesa, decorada com flores verdes e brancas. Quando os líderes entraram na sala para sua refeição, muitos fotógrafos registravam o momento. O presidente americano brincou sobre querer aparecer bem em uma "bela foto".
00h53: Trump e Kim fazem história com reunião em Singapura
Donald Trump e Kim Jong-un, de trajetórias e estilos radicalmente diferentes e com mais de 30 anos de diferença, conversaram cara a cara, com o auxílio de seus intérpretes, durante 40 minutos.
00h23: Muitas pessoas vão pensar que estamos em um "filme de ficção científica", diz Kim a Trump
Após sua reunião privada com Donald Trump, Kim Jong-un afirmou ao presidente americano que muitas pessoas provavelmente não acreditarão no que está acontecendo neste momento em Singapura.
"Muitas pessoas no mundo vão pensar nisso como uma forma de fantasia? de um filme de ficção científica", disse o norte-coreano a Trump, por meio de um tradutor, enquanto os dois líderes caminhavam pelos corredores do Capella Hotel.
00h12: Dennis Rodman se emociona com encontro entre EUA e Coreia do Norte
Dennis Rodman, ex-astro da NBA, se emocionou ao falar sobre o histórico encontro entre o norte-coreano Kim Jong-un e o presidente Donald Trump em uma entrevista à emissora CNN.
Rodman diz ser amigo de Kim e já esteve em Pyongyang cinco vezes. O jogador de basquete viajou para Singapura para o encontro desta terça (12), apesar de não ter sido convidado para a cúpula.
Na entrevista para a CNN, Rodman disse que sempre se empenhou em ajudar a Coreia do Norte e chegou a ser ameaçado por defender Kim Jong-un. "É um ótimo dia. Estou aqui para ver. Estou muito feliz", disse ele, emocionado.
O americano disse ter recebido uma ligação da secretária de Trump dizendo que o presidente estava orgulhoso dele.
23h53: Kim não respondeu se está disposto a se desfazer de armas nucleares
Após seu encontro privado, Donald Trump e Kim Jong-un pararam por um breve momento para falar com os jornalistas reunidos no Capella Hotel, em Singapura.
Trump disse que sua reunião a portas fechadas com o líder norte-coreano foi "muito, muito bem". Kim, por sua vez, não respondeu a um repórter que perguntou se ele estaria disposto a se desfazer de suas armas nucleares.
Contudo, no início do encontro com as delegações, Kim comentou que estava grato por estar ali para "falar de temas importantes" e prometeu que colaborará com Trump, que garantiu: "Vamos trabalhar para resolver os problemas juntos".
A expectativa é que o segundo encontro dure 1h30.
23h36: Ao lado de Kim Jong-un, altura de Trump chama a atenção
O principal tema das negociações entre Donald Trump e Kim Jong-un é o programa nuclear de Pyongyang. Porém outro detalhe chamou a atenção do mundo: a diferença de altura entre os dois líderes.
Trump tem 1,90, segundo o médico oficial do presidente. Já Kim mede 1,70 metros, de acordo com o governo norte-coreano. Porém, assim como outros dados pessoais do líder da Coreia do Norte, não é possível confirmar se a informação é exata.
23h23: "Estou ansioso para continuar trabalhando com você", diz Trump a Kim Jong-un
Após trocarem mais um aperto de mãos, Trump e Kim se reuniram para mais negociações. "Nós seremos bem-sucedidos", afirmou o presidente americano ao norte-coreano no início das conversas com suas delegações. "E eu estou ansioso para continuar trabalhando com você", disse.
23h13: Blog do Noblat - Ditador da Coreia do Norte sai no lucro
Dê no que der, o encontro que mal começou em Singapura entre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Kim Jong-Un, ditador da Coreia do Norte, quem sairá ganhando mais é o "pequeno homem foguete", assim tratado até recentemente pelo governo americano.
Kim já obteve o que mais desejava, e o que seu pai, que o antecedeu no cargo, buscou e não conseguiu - o reconhecimento do seu regime pela maior potência mundial, a retirada da Coreia do Norte do isolamento e sua admissão ao time dos países que de fato importam.
22h57: Trump e Kim se reúnem com suas delegações para mais negociações
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, encerraram sua reunião privada e se juntaram às suas delegações para mais negociações.
Do lado americano, além de Trump estão o secretário de Estado Mike Pompeo, o Conselheiro de Segurança Nacional John Bolton e o Chefe de Gabinete John Kelly. Já ao lado de Kim estão Kim Yong Chol, principal diplomata norte-coreano, Ri Yong Ho, ministro das Relações Exteriores, e Ri Su Yong, vice-presidente do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores.
A conversa privada entre os dois líderes durou apenas 35 minutos. Ao deixaram a sala onde se reuniam, os dois estavam sorridentes e caminharam juntos conversando até o próximo compromisso.
22h50: Veja as primeiras fotos do histórico encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un
22h43: 'Trump está totalmente preparado para reunião com Kim', diz Pompeo
O Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse nesta segunda-feira (11) durante coletiva em Singapura que Trump está "totalmente preparado" para a reunião. Segundo Pompeo, as discussões de Washington com a Coreia do Norte estão progredindo rapidamente e deverão ser concluídas antes do esperado.
22h36: Líderes participam de reunião privada
Donald Trump e Kim Jong-un estão participando de uma reunião privada neste momento, apenas com a presença de dois tradutores na sala.
O tema principal da conversa deve ser o programa nuclear norte-coreano. Trump espera convencer Kim a desistir de suas armas.
O encontro deve durar por volta de 1 hora. Posteriormente, os líderes se encontrarão com suas delegações para um reunião maior.
22h29: Sentado ao lado de Kim Jong-un, Trump prevê que encontro será um sucesso
Falando a repórteres após seu primeiro aperto de mão, Trump e Kim Jong-un se mostraram otimista para as negociações.
O presidente americano afirmou esperar que a reunião histórica seja "tremendamente bem-sucedida". "Teremos um ótimo relacionamento pela frente", disse.
Kim Jong-un reconheceu os muitos "obstáculos" para o encontro em Singapura. "Nós superamos todos eles e estamos aqui hoje", disse ele, por meio de um tradutor.
22h10: Trump e Kim Jong-un trocam aperto de mãos antes de encontro
22h04: Momentos antes de início de encontro entre Kim Jong-un e Donald Trump em Singapura, conselheiro-chefe para assuntos econômicos da Casa Branca sofreu um infarto
Trump utilizou sua conta pessoal no Twitter para avisar que Larry Kudlow infartou.
21h56: Do ópio ao ápice: a espantosa transformação de Singapura
Por Vilma Gryzinski em Mundialista (11 de junho às 11h28)
A cidade-nação passou de ilhas miseráveis que ninguém queria para país rico e de altíssimo nível educacional com versão própria do capitalismo autoritário
Ao desembarcar em Singapura para o encontro com Donald Trump, o jovem ditador hereditário da Coreia do Norte praticamente mudou de planeta.
Entre a miséria do país de Kim Jong-Un e o esplendor da cidade-estado, acreditem, existem aspectos em comum. Pouco mais de meio século atrás, havia um grande número de comunistas entre a população chinesa de Singapura - 73% do total.
Tal como Baby Kim, o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, também é um "filho de" - embora mais de um jornal do mundo tenha sido processado por insinuar que chegou ao cargo menos por mérito e mais por força do pai, o legendário LKY, como ficou conhecido.
Tudo o que se diz sobre Singapura é verdade: é proibido mascar chiclete, comer ou tomar água no metrô, servir bebidas depois das 22,30 horas em qualquer lugar.
Tráfico de drogas dá pena de morte obrigatória acima de determinadas quantidades. Em alguns anos, nem é preciso aplicá-la, por falta de criminosos. Apesar de campanhas internacionais contra, 95% dos habitantes de Singapura querem que a pena seja mantida.
Carros são inacessíveis mesmo para os ricos. Os apartamentos são todos iguais e é preciso entrar na fila do governo, com muito mais candidatos, claro, especialmente para um país com 57 mil dólares de renda per capita, ou 90 mil pelo critério paridade do poder de compra - terceiro lugar no mundo.
Desembarcar no aeroporto de Chengi já é uma experiência surreal para a maioria dos viajantes de outros países.
Vai ficar mais ainda no ano que vem, com a inauguração de um novo complexo, um domo de vidro e aço com jardins e floresta interna equivalente a cinco andares de altura.
Uma cachoeira circular despencará do centro da estrutura, espargindo gotículas tranquilizadoras e quebrando recordes como a mais alta do mundo em ambiente fechado.
Para brasileiros, nada impressiona mais em Singapura do que as lojas fechadas apenas com uma corda, como na entrada dos cinema antigamente, ou coberturas de plástico para proteger as mercadorias da poeira.
No ano passado, o país bateu o recorde de 135 dias sem nenhum crime, nem um simples furto de celular. Quem é pego nesse delito - coisa fácil, pois nem um passo é dado sem que as câmeras de segurança vejam - pega de um a sete anos de cadeia.
Com uma única riqueza natural, o porto de águas profundas na entrada do Estreito de Málaca, rota de 40% do comércio marítimo mundial, Singapura foi em 50 anos de lugar miserável a vitrine do capitalismo autoritário.
A mistura única de meritocracia e confucionismo, mão dura e cabeça nas nuvens, intervencionismo, padronização e rigor necessários para disciplinar a vida num país de 720 quilômetros quadrados, sem contar o incentivo tradicional das famílias chinesas aos estudos dos filhos, produzindo o melhor sistema educacional do mundo por critérios da OCDE, é, evidentemente, irreproduzível.
A história de Singapura qualificaria o país para ficar no limite do lixo. O vício do ópio, trazido por trabalhadores chineses durante o colonialismo inglês, ultrapassou vastamente as fronteiras do século 19.
É que inacreditável, mas a foto acima é de 1941. Mostra um antro de ópio, droga já então usada muito além das fileiras dos humildes trabalhadores braçais que a usavam para amenizar as dores musculares do regime quase que de escravidão.
Quando Singapura foi expulsa da Malásia, à qual havia se juntado numa breve e infeliz experiência, entre 1963 e 1965, Lee Kwan Yew, o homem das iniciais, em lugar de celebrar a independência, chorou de tristeza.
A separação foi exigida pelo governo da Malásia, preocupado com os ataques violentos da população original minoritária, etnicamente malaia, contra cingaporeanos chineses, iniciados numa comemoração do dia do aniversário do profeta Maomé. E com os tais comunistas que cresciam entre essa população.
A renda per capita da Malásia hoje é cerca de um décimo da de Singapura.
Devido à origem da população majoritária, Singapura tem muito em comum com Taiwan, ou Formosa, com Hong Kong e com a própria experiência de capitalismo autoritário sob controle do Partido Comunista da China.
Mas aeroportos com floresta ninguém no mundo tem.
21h49: Sucesso de encontro Kim-Trump depende de garantias de desnuclearização
Por Julia Braun (10 de junho às 8h00)
Kim Jong-un não mostra ainda evidências concretas de que está disposto a acabar com programa nuclear norte-coreano
Poucas vezes na história moderna uma reunião entre lideranças internacionais gerou tanta incerteza e expectativa como o encontro planejado para a próxima terça-feira (12) em Singapura entre Donald Trump e Kim Jong-un.
Os Estados Unidos necessitam de garantias concretas para confiar nos norte-coreanos e fazer concessões ou todo esforço pode ser perdido. Porém, até agora, Kim Jong-un não conseguiu provar ao mundo que está, de fato, comprometido com a desnuclearização.
"Os norte-coreanos podem assinar uma declaração mais ampla, mas não assinarão nada que os convoque a abandonar todas as suas armas nucleares existentes", afirma o professor e especialista em política coreana da Universidade Católica da América, em Washington, Andrew Yeo, sobre um possível acordo a ser assinado no dia 12.
Kim Jong-un já afirmou que acredita em uma negociação por etapas, que só será concluída após muitos encontros como o desta semana. Especialistas também concordam que este pode ser um processo longo, com muitos altos e baixos.
O próprio presidente Trump admitiu, em coletiva de imprensa na última quinta-feira (07), que estará "totalmente pronto para cair fora" das negociações, se for necessário. Sua administração já deixou claro que a desnuclearização total da Coreia do Norte é o único cenário que irá aceitar.
A Casa Branca reconhece ser o encontro do dia 12 apenas o primeiro passo de uma longa negociação. Após 25 anos de tentativas fracassadas de diálogo sobre o programa nuclear de Pyongyang, os Estados Unidos sabem que é fácil colocar tudo a perder.
Acordo
Trump já afirmou que poderia assinar uma declaração de paz com os norte-coreanos. Porém, depois de apenas um encontro, o documento seria puramente simbólico, já que um pacto definitivo, que inclua um armistício, exigiria negociações com outros atores, como Coreia do Sul, Japão e China.
Em um futuro acordo, que pode levar meses para ser concluído, os americanos definitivamente exigiriam que a resolução seguisse o modelo que ficou conhecido como CVID, sigla em inglês para "completo, verificável e desnuclearização irreversível". A expressão foi cunhada pelo Departamento de Estado após a posse de Mike Pompeo. Porém, os esforços de verificação e monitoramento com certeza seriam um problema.
"Em troca, os Estados Unidos prometeriam medidas para garantir a segurança do regime norte-coreano e para apoiar e investir economicamente no país", diz Kim Hyun-wook, professor da Academia Nacional Diplomática da Coreia.
21h26: Recapitulando a história - Destino do navio USS Pueblo será trofeu ou sinal de derrota para Trump
(de 11 de junho às 17h56)
Trump será primeiro presidente em exercício dos EUA a reunir-se com o líder norte-coreano; Jimmy Carter fez acordo com Kim Jong-Il em 1994
Tópico menos mencionado da agenda do encontro entre o presidente dosEstados Unidos e o líder da Coreia do Norte, o destino do USS Pueblo será um trofeu tão importante para Donald Trump quando o compromisso de Kim Jong-Un destruir seu programa nuclear. O USS Pueblo, navio-espião americano que hoje serve como museu em Pyongyang, é um dos temas épicos do conflito entre as duas Nações.
Pressionado por setores conservadores, que ainda se lembram do caso e que estão na base de seu apoio, Trump quer o navio de volta para casa. Kim dificilmente quererá se desfazer desse símbolo de triunfo sobre os Estados Unidos.
Sob a alegação de realizar estudos hidrográficos na costa da Coreia do Norte, o navio da Marinha americana foi cercado e tomado pelas Forças Armadas norte-coreanas em janeiro de 1968. Enquanto ainda sob cerco, o capitão Loyd Bucherordenou a queima de todos os documentos confidenciais. Aquela foi a primeira vez, desde 1807, que um navio de guerra americano fora tomado por forças inimigas. No confronto, 14 marinheiros foram feridos e um deles morreu.
A tripulação, com 83 membros, tornou-se prisioneira de Pyongyang por 11 meses. Sob pressão internacional, o então líder norte-coreano, Kim Il-Sung, avô de Kim Jong-un, autorizou a libertação dos presos, entregues na Ponte de Não Retorno da Zona Desmilitarizada, na fronteira entre as duas Coreias. A liberação ocorreu apesar de um incidente que a poderia ter abortado.
Em dezembro de 1969, Kim Il-Sung aceitara a proposta de fotografar os prisioneiros, para comprovar aos Estados Unidos que eles estavam bem. A revista Time incumbiu-se da tarefa. Posando em uniforme, com os rostos tranquilos, os marinheiros cruzaram os dedos de forma a mostrar o médio - um sinal de que estavam perdidos ou de mandavam ao inferno Pyongyang ou até mesmo Washington.
Os norte-coreanos perceberam mas demoraram para interpretá-lo. Quando cientes do significado, iniciaram a "semana do inferno", como os prisioneiros descreveram posteriormente a intensificação das torturas.
"Com toda a sinceridade, nunca achei que alguma vez nos libertassem. Talvez libertassem alguns marinheiros, mas tinha como certo que não iam me libertar", disse Eddie Murphy, em entrevista ao jornal português Observador.
Os prisioneiros foram devolvidos aos Estados Unidos pelo porto de San Diego e recebidos pelo então governador da Califórnia Ronald Reagan, posteriormente eleito presidente do país. O USS Pueblo jamais retornou aos portos americanos.
Jimmy Carter
Mesmo se conseguir extrair do líder norte-coreano um acordo razoável em Singapura, Trump não terá sido o primeiro. Em outubro de 1994, o então presidente Jimmy Carter assinou na Coreia do Norte um acordo de desarmamento nucler com Kim Jong-Il, depois da retirada de Pyongyang doTratado de Não-Proliferação Nuclear. Segundo a Times, por meio desse acordo, o avô de Kim Jong-un se comprometeu a congelar as atividades atômicas e a desmantelar as suas instalações nucleares em troca da construção de duas usinas para a geração de eletricidade e de fornecimento de petróleo.
O acordo de Carter e Kim Jong-Il fracassou em 2002, quando os Estados Unidos acusaram a Coreia do Norte de conduzir enriquecimento de urânio. No ano seguinte, os Estados Unidos se engajaram nas negociações da Coreia do Sul, China, Japão e Rússia com a Coreia do Norte - o Acordo das Seis Partes. As conversas continuaram até 2008, quando o pai do atual líder, Kim Jong-il, aceitou acabar com seu programa nuclear. Não demorou um ano para Pyongyang retirar-se do acordo, em protesto contra a condenação internacional ao lançamento de um foguete de longo alcance por seu país.
20h48: Kim Jong-un faz primeira selfie de que se tem notícia durante visita ao Jardim Botânico de Singapura
Recluso, ditador norte-coreano aparece geralmente em fotos oficiais da mídia estatal
Um dos regimes mais fechados e menos democráticos do planeta, a Coreia do Norte é um enigma para muitos analistas estrangeiros. Mesmo a entrada de turistas é permitida a "conta-gotas" e com restrições diversas quanto a utilização de máquinas fotográficas, celulares, computadores ou acesso a Internet a partir do país.
Parte da paranoia do regime norte-coreano começa -e envolve- seu líder máximo, o ditador Kim Jong-un, que herdou o poder de seu pai, Kim Jong-il.
Submetida a uma série de sanções internacionais principalmente por conta de seu belicoso programa nuclear e de mísseis balísticos intercontinentais de longo alcance, a Coreia do Norte é impedida de comercializar ou manter contatos diplomáticos de alto nível com a maior parte dos países ocidentais.
Igualmente, seus líderes em geral e Kim Jong-un em particular, são impedidos de viajar para praticamente qualquer outro país.
Kim é tão recluso que pouco se sabe ao seu respeito: supõe-se que ele nasceu no dia 8 de janeiro, mas não há certeza sobre seu ano de nascimento, com fontes divergindo entre 1982, 1983 ou 1984 (ou seja, o ditador norte-coreano tem entre 34 e 36 anos de idade atualmente).
Em sua primeira visita oficial a Singapura, ele parece ter deixado de lado seu feitio ermitão e relaxado ao lado do chanceler e do ministro dos transportes do país que visita, posando para uma selfie ao lado de ambos - a primeira de que se tem notícia, ou que pelo menos tenha sido ampla e publicamente divulgada nas redes sociais.
13h20: Kim visita pontos turísticos de Singapura horas antes de reunião com Trump
Durante passeio, líder da Coreia do Norte tira selfie sorridente ao lado do chanceler de Singapura, Vivian Balakrishnan
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, que raríssimas vezes deixou a Coreia do Norte desde que assumiu o poder em 2011, está aproveitando seu compromisso em Singapura para conhecer os pontos turísticos da Cidade-Estado, apenas algumas horas antes de sua tão aguardada reunião com o presidente dosEstados Unidos, Donald Trump.
Na noite desta segunda-feira (horário local), a primeira parada de Kim foi um parque à beira-mar com instalações futurísticas, o Gardens by the Bay, que ostenta a maior estufa de vidro e a maior cachoeira interna do mundo.
Policiais e transeuntes também foram vistos se reunindo do lado de fora do hotel Marina Bay Sands, cuja estrutura se assemelha a de uma prancha sobre três colunas na foz do rio de Singapura.
O Ministro de Relações Exteriores de Singapura, Vivian Balakrishnan, surpreendeu ao postar em seu Twitter uma selfie ao lado de um Kim sorridente, juntamente com o Ministro da Educação de Singapura, Ong Ye Kung.
O líder, cuja idade é estimada em 34 anos, não deixou seu país desde que assumiu o poder em 2011, a não ser para visitar a China e o lado sul-coreano da zona desmilitarizada da fronteira que separa as duas Coreias.
A delegação norte-coreana está aproveitando o luxo que uma das cidades mais ricas do mundo pode oferecer. Está hospedada no hotel cinco estrelas St. Regis, onde o lobby tem um piso de mármore, lustres extravagantes e grandes obras de artes penduradas nas paredes. O buffet de café da manhã custa 35 dólares por pessoa, o mesmo que a maioria dos norte-coreanos ganha em um mês.
Entre os cerca de 30 norte-coreanos vistos no café da manhã na segunda-feira, estavam alguns dos homens mais poderosos do regime, normalmente apenas vistos por observadores da Coreia do Norte em fotografias publicadas pela imprensa estatal enquanto se apresentam em eventos oficiais.
A reunião com o presidente americano será às 9h da manhã de terça-feira (12), no horário loca (22h desta segunda-feira no horário de Brasília). A Casa Brancainformou mais cedo que os dois líderes conversarão a sós ao começo da cúpula.