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O Ministério da Saúde confirmou hoje o primeiro caso de coronavírus no Brasil após a contraprova feita dar positivo. Se trata de um homem de 61 anos que viajou para a Itália e passou pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que as autoridades de saúde vão avaliar o comportamento do vírus no verão hemisfério sul, onde os países apresentam temperaturas mais altas que na China, que atravessa o inverno do hemisfério norte.
"Agora nós vamos ver como esse vírus vai se comportar num país tropical, em pleno verão", disse o ministro. Segundo Mandetta, as autoridades de saúde também estão monitorando pessoas que tiveram contato com o paciente.
O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber, afirmou hoje que o Brasil tem 20 casos suspeitos do novo coronavírus e que ao menos 12 deles vieram da Itália.
Os casos suspeitos estão distribuídos entre os estados de Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Santa Catarina. Dos suspeitos, a maioria são mulheres (55%) na média de 40 anos. Doze deles viajaram para a Itália. Outros casos vieram da Alemanha, Tailândia e outros países.
Em todo o mundo, o novo vírus já matou 2.708 pessoas e infectou mais de 80 mil. O secretário de Vigilância em Saúde afirmou que a doença apresenta gravidade de moderada a leve no mundo. "A gravidade da doença está para moderada a leve, muito mais próximo do padrão observado em síndromes gripais na década de 1960", disse Oliveira.
Para Mandetta, com a transmissão do caso nos cinco continentes, em breve a OMS (Organização Mundial de Saúde) deverá considerar o coronavírus uma pandemia global e não mais estabelecer a relação de risco de contágio pelo país de origem dos pacientes.
"Em breve a OMS vai passar a não trabalhar mais com o nexo de país. Muito em breve eles vão ter que fazer uma reunião com seus especialistas e considerar isso uma pandemia. Aliás já tem critérios para isso", disse Mandetta.
Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Wanderson de Oliveira, o reconhecimento pela OMS de uma pandemia não alteraria os procedimentos de segurança e prevenção adotados pelo Brasil, mas isso poderia tornar mais ágil a identificação de novos casos pelo mundo.
"Por que seria melhor? Porque a gente passa a reconhecer a transmissão dentro do sistema de saúde global. O Canadá identificou um caso que esteve no Irã, mas não foi notificado como caso suspeito", disse Oliveira.
O caso foi notificado ontem após o paciente apresentar resultado positivo para a doença em um teste feito pelo hospital. Para confirmar o caso, o Brasil aguardava a contraprova realizada no Instituto Adolfo Lutz, hospital de referência para testes da covid-19 (a doença causada pelo vírus). Hoje o ministério confirmou o resultado positivo em coletiva de imprensa.
O secretário de Saúde do Estado de São Paulo, José Henrique Germann Ferreira, afirmou que o paciente está bem de saúde e permanece em casa, em isolamento. Em nota, o hospital informou que "o paciente encontra-se em bom estado clínico e sem necessidade de internação, permanecendo em isolamento respiratório que será mantido durante os próximos 14 dias".
O homem viajou para a Lombardia, no norte da Itália, e apresentou sinais e sintomas compatíveis com a suspeita de covid-19, tais como febre, tosse seca, dor de garganta e coriza. Segundo o ministro, o paciente esteve entre os dias 9 e 21 de fevereiro na Itália, mas chegou ao Brasil por meio de um voo com conexão em Paris, na França. Ele foi atendido na segunda-feira pelo Albert Einstein e o teste positivo foi notificado à Vigilância Epidemiológica estadual ontem.
O ministro da Saúde afirmou que os protocolos de saúde recomendam o isolamento domiciliar quando o paciente não apresenta um quadro grave da doença. Segundo o ministro, cerca de 30 familiares do paciente que mantiveram contato com ele estão sendo monitorados pelas autoridades de saúde de São Paulo.
O secretário-executivo do ministério, João Gabbardo dos Reis, afirmou que estudos têm apontado que a média de transmissão da doença é de duas a três pessoas entre as que tiveram contato com o paciente infectado. Segundo Reis, isso aponta a necessidade de um contato mais íntimo com o paciente para a transmissão do vírus.
"Mesmo que o número de contatantes [do paciente] seja elevado, os estudos mostraram que até a presente data todos os casos de pessoas portadores do vírus eles contaminaram de duas a três pessoas, apesar de terem tido contato com 20, 30, 40 pessoas. O que singifica que esse contato precisa ser um contato mais íntimo para que a forma de transmissão seja mais efetiva", disse o secretário-executivo da Saúde.
Além dos familiares que estão sendo monitorados, as autoridades de saúde vão entrar em contato com outras pessoas que tenham mantido contato, mesmo que temporário, com o paciente. Nessa lista estão também os passageiros que estavam próximos ao assento dele no voo que o trouxe ao Brasil. Segundo Mandetta, esse número pode ser de 50 a 60 pessoas que serão contatadas. O objetivo é que essas pessoas possam se reportar rapidamente ao sistema de saúde se apresentarem sintomas da doença.
Após a notificação do hospital, a Anvisa informou em nota que solicitou à companhia aérea a lista completa de passageiros do voo.
Com a confirmação, o Brasil se torna o primeiro país da América Latina a notificar a doença. Além deste caso, o Brasil tem outros suspeitos. Em todos os casos, trata-se de pacientes que chegaram de viagem da Itália nos últimos dias.
A Itália já tem mais de 320 casos confirmados e 11 pessoas morreram. Desde segunda-feira o país integra a lista do Ministério da Saúde de países de alerta do novo coronavírus. No mundo, mais de 80 mil pessoas foram infectadas e 2.708 morreram em decorrência da doença.