Visitas: 1548132
Usuários Online: 1
Pesquisadores da Universidade Utrecht, na Holanda, criaram um anticorpo monoclonal capaz de impedir a entrada do novo coronavírus nas células. De acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira, 4, na revista científica Nature Communications, em testes em laboratório, o anticorpo experimental 47D11 foi capaz de neutralizar a proteína spike.
A proteína spike é a proteína que fica na superfície do novo coronavírus. Além de ser a responsável pela forma de corona no vírus, essa proteína permite a entrada do coronavírus na célula ao conectar-se, como uma chave na fechadura, à enzima ACE2, presente na superfície das células.
Anticorpos monoclonais são um tipo de proteína criada em laboratório que imita as células de defesa produzidas naturalmente pelo corpo e têm a capacidade de se ligar a uma molécula específica, e neutraliza-la. Essa abordagem já é usada com sucesso em tratamentos contra diversas doenças incluindo câncer e doenças inflamatórias. De acordo com os autores, no futuro, esse anticorpo pode se tornar um tratamento eficaz contra a Covid-19.
Os pesquisadores injetaram proteínas spike de diversos coronavírus em camundongos geneticamente modificados para desenvolver anticorpos semelhantes aos dos humanos contra essas proteínas. Os animais produziram 51 anticorpos diferentes, capazes de neutralizar a proteína spike dos coronavírus injetados.
O interessante é que esta etapa da pesquisa foi realizada antes da pandemia de Sars-CoV-2, nome dado ao novo coronavírus. E as proteínas injetadas nos animais foram as encontradas em outros coronavírus que já existiam, como o causador da Sars, chamado Sars-Cov; o causador da Mers e coronavírus que causam resfriados comuns.
Com a descoberta do Sars-CoV-2, os pesquisadores decidiram testar se algum desses anticorpos também seria eficazes contra essa nova cepa. Para felicidade deles, os resultados mostraram que o 47D11 é capaz de neutralizar tanto o coronavírus causador da Sars (Sars-Cov) quanto o novo coronavírus, causador da Covid-19 (Sars-Cov-2).
?Usando esta coleção de anticorpos Sars-Cov, identificamos um anticorpo que também neutraliza a infecção pelo Sars-Cov-2 em células cultivadas. Esse anticorpo neutralizante tem potencial para alterar o curso da infecção nos infectados.?, explicou Berend-Jan Bosch, coautor do estudo e professor associado do programa de infecção e imunidade da Universidade de Utrecht.
Apesar dos resultados promissores, vale ressaltar que a pesquisa ainda está em fase pre-clínica. Testes feitos em células nem sempre têm bons resultados em humanos. E, antes de chegar nos testes em pessoas, ainda devem ser feitos testes em animais. Essa, inclusive, é uma das limitações do estudo apontada por especialistas, que afirmam que os testes em animais já deveriam ter sido feitos.