Visitas: 1548181
Usuários Online: 1
No cenário de pandemia, marcado por desafios como o medo do novo coronavírus e o maior isolamento social, os chamados primeiros socorros psicológicos (PSP) são técnicas que permitem o auxílio de pessoas que estão em forte abalo emocional.
A psicóloga e coordenadora do curso de psicologia da Faculdade Santa Casa (FSC), Silvia Teles, explica que es PSP são aplicados na abordagem de pessoas que sofreram impactos psíquicos causados por determinada situação pontual, a exemplo de uma notícia ruim ou algum desastre. Através de ações como a observação, a escuta e a aproximação da pessoa que precisa de ajuda, ela destaca que os procedimentos podem ser realizados por todos os cidadãos.
“O primeiro socorro psicológico vem com o objetivo de ser a primeira medida de apoio para a pessoa que está em abalo emocional, que na pandemia pode estar relacionado com fatores como uma notícia ruim, situação de desemprego ou redução de renda financeira, luto pela perda de um ente querido, maior isolamento social. O primeiro passo para ajudar a pessoa é observar o que está acontecendo com a mesma”, diz Silvia.
Ações
A psicóloga acrescenta que o abalo emocional pode acontecer em qualquer local, a exemplo de hospitais, escolas, shoppings, ambientes residenciais. Por isso, o passo da observação precisa considerar a possibilidade de socorro em ambiente mais calmo e com maior segurança, a exemplo de trazer a pessoa que precisa de auxílio para a área reservada de um shopping.
No momento da escuta, Silvia ressalta que é preciso manter um tom de voz baixo e evitar uma abordagem que funcione como um "inquérito" sobre as causas da condição psicológica, pois isso faz com que a pessoa reviva todo o estresse. O objetivo desta etapa é trazer a pessoa de volta à realidade, na medida em que é possível saber qual a ajuda que ela precisa no momento.
"A gente não vai perguntar o que aconteceu, mas o que a pessoa está precisando agora, seja uma informação, água, abrigo, alimento ou apoio de amigos e familiares. É o trabalho de ir tranquilizando a pessoa e puxando para a realidade, pois o estresse pós-traumático pode causar situações onde a vítima está agitada ou desconectada da situação", afirma a psicóloga.
Técnicas
A psicóloga Maria Júlia Uchôa reforça que os PSP passam por três procedimentos pré-determinados: a observação do cenário, a escuta e a aproximação da pessoa. Ela acrescenta que a Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou o guia "Primeiros Cuidados Psicológicos", em 2015, para a orientação de pessoas que não são da área da psicologia.
"Os primeiros socorros psicológicos podem ser aplicados enquanto se espera o apoio especializado em saúde, por exemplo. Além disso, com a pandemia e o maior tempo das pessoas em casa, é possível manter o auxílio da escuta através de ligação telefônica e videochamadas. Para ter uma ideia, o Centro de Valorização da Vida (CVV), através do 188, faz um trabalho importante de PSP e prevenção ao suicídio", explica Maria Júlia.
Cuidados
Através de um cuidado em rede, a exemplo do acompanhamento psicológico, Maria Júlia diz que é possível amenizar os impactos causados por abalos emocionais, principalmente em momento de pandemia. Desde a adolescência, a estudante de psicologia Rebeca Cedraz, 23, faz psicoterapia. No momento de maior isolamento em casa e preocupação com o novo coronavírus, ela passou também a cuidar da mente através de hábitos como a leitura de livros, especialmente na varanda de casa, aromaterapias e videochamadas.
" Nesse período comecei a perceber a enorme importância de pequenos atos com o cuidado pessoal. Iniciei uma rotina onde estabeleci compromissos comigo mesmo. Em muitos dias não consigo realizar todas as minhas metas, ou até mesmo manter o bom humor, afinal estou vivendo em um contexto caótico. Porém, busco ter compreensão e acolhimento com os dias que não sou produtiva, e, com certeza, essas estratégias ajudam no processo", diz Rebeca.
A jovem também tem encontrado fortalecimento psicológico no engajamento em iniciativas sociais, a exemplo da organização de um projeto de arrecadação e doação de cestas básicas para famílias afetadas pela pandemia. "São pequenas ações que movem forças", conta a estudante. Ela acrescenta que as informações sobre o projeto e como ajudar podem ser obtidas no instagram @becacedraz.