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Enem 2022 - professores comentam nível de dificuldade da prova do 1º dia. — Foto: Érico Andrade/g1
Professores de colégios e de cursos que analisaram o conteúdo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022 neste domingo (13) avaliam que o 1º dia de provas trouxe temas relevantes e atuais, foi fundamentado em muita "leitura e contextualização" e acabou honrando a tradição do exame.
Confira abaixo o que outros professores que participaram da prova disseram sobre suas disciplinas:
As línguas estrangeiras foram representadas no Enem 2022 por cinco questões de inglês e cinco de espanhol que integram a prova de linguagens e suas tecnologias. O aluno responde apenas às questões de um dos idiomas.
Bruna Saad, monitora de linguagens da Descomplica, avaliou que a prova de inglês teve uma dificuldade mediana.
Fabio Vasques, professor do Colégio Leonardo da Vinci Alfa, disse que o formato da prova foi semelhante ao de anos anteriores.
Wagner Borges Jr., professor das Escolas SEB, concordou. Segundo ele, as questões estavam acompanhadas de três textos curtos, uma tirinha e um poema.
"[Havia] algumas questões um pouco mais simples, outras questões um pouco mais trabalhosas, mas, a meu ver, não sai muito do que é a prova de inglês dos últimos anos. Um aluno bem-preparado, que esteja acostumado com a leitura na língua inglesa e com diferentes tipos de vocabulário não deve ter tido maiores dificuldades com a prova".
Roberta Spessatto, do Colégio Unificado, disse que a prova de espanhol foi coerente com sua proposta e que apresentou diferentes gêneros textuais, variedade linguística e diversidade cultural da língua espanhola.
Stela Santos de Souza, professora da Plataforma AZ de Aprendizagem, analisou que a prova teve questões fáceis a moderadas, sem grande surpresa e com abordagem social relevante.
Na disciplina, os textos eram desafiadores no vocabulário, mas os enunciados eram claros e direcionados, segundo Vivian de Ulhôa, coordenadora pedagógica e Poliedro Colégio.
"Uma letra de Mercedes Sosa (“Los Niños de nuestro olvido”) fazia uma crítica social sobre o menor em situação de rua. Um texto de Eduardo Galeano mencionava diferentes formas de se referir a um 'amigo', misturando tanto questões de variação linguística quanto uma análise do contexto histórico-social dos países mencionados pelo autor. Apareceu também um texto publicitário do governo mexicano que visava conscientizar a população sobre o uso e a importância da preservação de uma língua indígena da região", lembrou a especialista.
Diogo D'ippolito, professor de Língua Portuguesa do Colégio e Sistema pH, disse que o que mais lhe chamou atenção foram os gêneros textuais, "porque houve muitas questões relacionadas a manual, crônica, notícia, verbete e até mesmo texto publicitário".
Segundo ele, a prova de 2022 teve menos questões de funções da linguagem em relação a anos anteriores.
José Ferreira, das Escolas SEB, considerou que houve um equilíbrio na prova com a cobrança das diferentes fases da arte.
"Houve uma questão sobre maneirismo, que é um período entre o Renascimento e o Barroco. Então, é um período transitório com um artista muito importante que é El Greco. Outra questão sobre vanguardas indiretamente cobradas por meio de uma releitura e uma questão sobre arte contemporânea e o minimalismo".
Ele ainda observou que as questões focadas em esportes e linguagem corporal foram diversificadas.
Segundo José Ferreira, as questões trataram de aspectos como a possibilidade de buscar novos espaços para o esporte de aventura, discussão sobre gêneros em esportes como o skate e ainda uma questão que associava a violência no futebol e entre as torcidas a uma questão estrutural social.
Natasha Piedras, professora de história da Descomplica, disse que a prova foi muito conceitual. Entre as questões da disciplina, ela considerou apenas duas questões como difíceis.
Guilherme Freitas, que leciona história nas Escolas SEB, avaliou que as questões da área no Enem 2022 estavam levemente diferentes das de anos anteriores.
"A prova de história do Enem estava mais interpretativa do que o normal. Sempre é uma prova interpretativa, em cima de textos, conceitual, que às vezes até se afasta da lógica dos materiais didáticos brasileiros, mas esse ano em especial foi bem voltada para esta linha", afirmou ele.
Segundo Daniel Simoes, professor de geografia Oficina do Estudante, as questões da disciplina tiveram nível de dificuldade média. Muitas apresentavam conteúdos interdisciplinares, estando relacionadas com história, sociologia e filosofia.
Teddy Chu, professora do Curso Intergraus, comentou que as questões estavam bem contextualizadas, mas que algumas questões foram mais exigentes.
"Questões que abordaram geologia e energia exigiram conteúdos mais específicos dos estudantes. Escala cartográfica, normalmente presente no segundo dia de prova, em Matemática, foi cobrada em Ciências Humanas", disse.
Alguns professores notaram uma maior concentração de questões de sociologia na edição de 2022 do Enem. Leandro Vieira, que ensina a disciplina no Colégio Ao Cubo, disse que "grande parte da prova de ciências humanas versava sobre conteúdos sociológicos".
Rodrigo Magalhães, professor de geografia da Plataforma AZ de Aprendizagem, destacou alguns dos itens.
"Tinha uma questão, por exemplo, que falavam de mulheres paneleiras, de Vitória (ES). Outra falava de uma relação que populações tradicionais fazem na Caatinga, no sertão brasileiro, para saber se vai chover ou não, colocando pedrinhas de sal na janela. Eram umas questões ligadas a sociologia que me chamaram a atenção."
Breno Silva, professor da Escola SEB, diz que o que chamou a atenção foi a ausência da sociologia clássica -- que trata Friedrich Engels, Karl Max, Max Weber, Émile Durkheim -- algo que, segundo ele, acontece desde 2016.
As questões de filosofia não trouxeram surpresas, segundo Leandro Viera, do Ao Cubo. O nível de dificuldade não foi diferente do de anos anteriores.
"A prova da disciplina contou com algumas temáticas recorrentes, tais como Filosofia Helenística, Foucault e Pré-Socráticos, trouxe alguns conteúdos mais raros tais como Deleuze, Arendt e o filósofo francês Merleau-Ponty".
Silvio Sawaya, da Oficina do Estudante, diz que a prova exigia dos alunos uma "leitura atenta e um poder de síntese ao analisar as respostas".