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"Maré Bruta" aborda os impactos do óleo que atingiu a costa brasileira há 3 anos em comunidades pesqueiras do estado — Foto: Eduardo Mafra
O documentário "Maré Bruta", que aborda os impactos do óleo que atingiu a costa brasileira há 3 anos em comunidades pesqueiras do estado, estreia nesta quinta-feira (24), às 18h30, no Museu Saladearte, em Salvador. A entrada é gratuita.
O documentário que tem a duração de meia hora conta o histórico do derramamento que causou impactos na produção do pescado e nas comunidades. As filmagens foram realizadas nas comunidades do Sítio do Conde, que fica 187 km de Salvador e em Canavieiras, no sul do estado.
O diretor do Maré Bruta, Eduardo Mafra, em entrevista ao g1 contou que está esperançoso em trazer o assunto, em um momento em que as manchas voltaram a aparecer e até hoje não se tem conclusão exata, para que o problema volte a ser discutido. Até o momento, ninguém foi responsabilizado.
“Estamos esperançosos em trazer esse tema novamente, porque ele não foi concluído da maneira que deveria. A própria CPI do derreamento foi engavetada por causa da emergência do Coronavírus, embora seja um assunto relevante por se tratar de um impacto prolongado”, disse o diretor.
Já a produtora do documentário Louise Machado falou sobre a exposição e a s situação de vulnerabilidade dos moradores das comunidades que retiram delas tanto seu consumo próprio quanto material para comercialização.
"Maré Bruta" aborda os impactos do óleo que atingiu a costa brasileira há 3 anos em comunidades pesqueiras do estado — Foto: Eduardo Mafra
Louise conta como pescadores artesanais e marisqueiros entraram no mar para remover os resíduos do derramamento, em uma tentativa de defender seu territórios.
"Os pescadores atuaram sem equipamentos de proteção adequados e conhecimentos sobre os riscos e sem receber a devida assistência no que tange à saúde", explica.
Apesar disso, o documentário mostra que nos meses seguintes após o aparecimento das manchas de óleo, até 80% das vendas foram reduzidas, o que causou impactos diretos no principal meio de subsistência dessas pessoas.
A produtora ressalta que os danos causados através da exposição ao óleo podem persistir por anos. Transtorno de ansiedade, estresse psicológico relacionado ao evento e transtorno de estresse pós-traumático estão entre o danos registrados por moradores das comunidades.
“Os riscos potenciais para a saúde, diante das propriedades toxicológicas dos componentes do óleo, são efeitos fisiológicos, de toxicidade genotóxicas, imunotóxica e endócrina e efeitos na saúde mental como depressão”, afirma.
"Maré Bruta" aborda os impactos do óleo que atingiu a costa brasileira há 3 anos em comunidades pesqueiras do estado — Foto: Eduardo Mafra
Louise Machado, que é mestra em Saúde Ambiente e Trabalho na Universidade Federal da Bahia (Ufba), ainda falou sobre a experiência de ter tido contato com os pescadores artesanais para a realização das filmagens.
“Os pescadores relatam que a chegada do petróleo foi um momento de desespero e sofrimento. A ameaça ao ambiente representa para eles a ameaça à subsistência, o que de fato ocorreu, visto que foram meses em que a venda do marisco ficou praticamente impossibilitada”, disse.
As gravações aconteceram no período do mês de abril e maio deste ano. A pesquisadora diz considerar os moradores das comunidades como verdadeiros guardiões do litoral, e destaca a relação de pertencimento destes com o território.
Além disso, ela destaca as diferentes formas de lidar com o problema, em comunidades com presença de órgãos ambientais, como ocorre nas reservas extrativistas de Canavieiras, que teve uma gestão mais organizada da crise gerada, principalmente nas atividades de contenção e monitoramento das manchas.
“O trabalho de mulheres e homens na pesca artesanal ultrapassa a ideia simplória de apenas atividade econômica, mas uma identidade constituída a partir de relações intrínsecas e seus ecossistemas, simultaneamente, se define pelos enfrentamentos e resistência étnica e cultural”, contou.
"Maré Bruta" aborda os impactos do óleo que atingiu a costa brasileira há 3 anos em comunidades pesqueiras do estado — Foto: Eduardo Mafra
O documentário vai ser disponibilizado após a estreia, através do próprio canal do projeto. Uma exposição fotográfica do projeto será lançada no próximo ano, mas ainda não tem data prevista.
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