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Um médico ginecologista e obstetra foi preso esta semana, no Paraná, suspeito de abusar sexualmente de pacientes. Segundo as acusações, tudo acontecia dentro do consultório.
Quinze mulheres já procuraram a polícia. Entre os relatos, há denúncias até de hipnose como tática para facilitar o assédio. Veja todos os relatos e os detalhes na reportagem em vídeo acima.
Felipe Sá tem 40 anos, é médico formado pela Universidade Federal de Goiás, especialista em ginecologia e obstetrícia, mestre em saúde pública pela Universidade de São Paulo (USP).
Tem um consultório num bairro nobre de Maringá e de lá saiu preso temporariamente, na última quinta-feira (15), suspeito de crimes sexuais.
Felipe Sá, médico ginecologista e obstetra preso esta semana, no Paraná, suspeito de abusar sexualmente de pacientes — Foto: Reprodução/ TV Globo
"Felipe foi uma indicação, sempre foi muito conhecido pelo parto humanizado, atendimento humanizado [...] É isso que me motivou a fazer a denúncia, né? Porque ele usa um discurso de empoderamento feminino pra atrair mulheres pra poder abusar delas", conta uma das vítimas.
As três primeiras vítimas que fizeram a denúncia não se conheciam, mas se encontraram depois de um comentário num grupo de conversas de mães, em redes sociais.
"Uma mulher teve a coragem de não recomendá-lo nesse grupo. Ele foi muito bom comigo até o dia em que eu fui sozinha na consulta. Aí outras mulheres começaram a se pronunciar nesse grupo. E aí a gente foi conversar ali individualmente e, enfim, a gente identificou que a linha de atuação dele é a mesma para todas", diz a vítima.
Uma outra mulher, que não quer se identificar, escolheu Felipe Sá para acompanhar sua gestação. Ela conta que Felipe sugeriu uma hipnose durante a consulta.
"Ele pediu pra que eu fechasse os olhos, que eu me imaginasse num lugar paradisíaco, contou até dez, estralou os dedos. Mas em nenhum momento eu estava hipnotizada, eu estava em sã consciência. Ele falou: 'não, é sério. Se imagine tendo relações sexuais só com coisas que estejam dentro dessa sala.' Aí ele começou a pegar pesado do tipo, 'você se tocaria agora?'", relata a mulher.
A mulher também ressaltou que o médico disse que ela poderia ficar à vontade: "Eu sou profissional o suficiente pra poder separar as coisas, eu não vou ficar excitado".
"E ele foi insistindo, de eu me tocar, deu tirar minha blusa", recorda a vítima.
Entre os depoimentos à polícia, uma vítima disse que, durante um exame, o médico introduziu a mão em seu canal vaginal; e que ele mudou a posição da mão e passou a massagear seu clitóris.
Uma outra mulher contou à polícia que durante uma hora de consulta, o médico pediu 12 vezes para que ela levantasse a blusa. Em todas, ela negou. Segundo a polícia, um caso de importunação sexual.
Denúncia de mulheres que levou à prisão ginecologista suspeito de crimes sexuais; veja relatos — Foto: Reprodução/ TV Globo
A polícia alega que prisão temporária foi necessária para continuar as investigações.
"Ele utilizava esse expediente aí, esse universo de fragilidade feminina pra supostamente praticar esses atos sexuais", relata o delegado Dimitri Tostes Monteiro.
O médico Felipe Sá está preso na cadeia pública de Maringá. O mandado de prisão é por 30 dias, mas pode ser prorrogado pelo mesmo período.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Felipe Sá só deverá ser interrogado depois que todas as vítimas forem ouvidas.
O Conselho Regional de Medicina disse em nota que instaurou procedimento para apurar a denúncia de possível desvio ético do médico Felipe Sá e que o trâmite está sob sigilo.
Segundo a Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Paraná, a hipnose é reconhecida como terapia, mas há regras:
"A hipnose é uma terapia reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina desde 1999, por ser um procedimento, deve ter um termo de consentimento e não pode ser utilizada para redução da resistência física sem ser para uma terapia", Acássia Nasser da presidência da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Paraná.
O Fantástico procurou a defesa do médico Felipe Sá. O advogado dele encaminhou um vídeo.
"As alegações contra o meu cliente são infundadas e não condizem em nada com seu histórico profissional. No mais, todos os elementos da defesa serão apresentados durante o transcurso do processo judicial", disse o advogado do médico.