Visitas: 1556509
Usuários Online: 1
Trata-se da maior tragédia chilena desde 2010, quando um terremoto de magnitude de 8,8 graus gerou um tsunami no litoral do país. Agora, neste início de fevereiro de 2024, mais de uma década depois, outra tragédia assola o Chile: focos de incêndios mortais que devastaram as cidades de Valparaíso e Viña del Mar e destruíram mais de 15 mil moradias.
Morador de Viña del Mar, o brasileiro Cleo Menezes Júnior descreve, em entrevista ao podcast O Assunto desta quarta-feira (7), um cenário apocalíptico e de guerra, nas suas palavras.
"Não sei se vocês já viram a série 'The Walking Dead', cenas assim, de carros amontoados e em direção contrária, abandonados... Basicamente essa era a cena inicial: bombeiros tentando passar e as pessoas já na rua oferecendo água para molhar o rosto."
Foto de 4 de fevereiro de 2024 mostra carros destruídos em rua de Viña del Mar após incêndios florestais no Chile — Foto: Sofia Yanjari/Reuters
O fogo começou em uma área no Parque Nacional Peñuelas, uma grande reserva florestal. Rajadas de vento de até 80 km/h foram empurrando as chamas mais para dentro, para a área mais habitada da região.
"Todo o fogo, as casas tendo sido queimadas tão rápido, as explosões... Parecia um cenário de guerra."
Outros dois pontos contribuíram para os incêndios: o tempo seco, característico do Chile, e o forte calor.
"Mas o problema não foi dentro do bairro. O problema foi sair do bairro, aí que foi onde estava o desespero, porque até ali a gente estava sendo rodeado por focos de incêndio, mas pra sair do bairro, a gente teve que passar pelos focos de incêndio", disse ele.
Cleo conta que a geografia da região, com muitos morros e montanhas, dificultou que ele tomasse dimensão da tragédia.
"Era um cenário apocalíptico. [...] Escutava muitas explosões e eu não conseguia entender, a princípio, as explosões e achava que eram as árvores caindo. Mas eu estava só tentando achar uma explicação, porque na verdade nem eu me convencia dessa explicação. Depois, eu entendi que eram botijões de gás que estavam explodindo dentro das casas", disse ele.
Já são mais de 130 mortos e 300 desaparecidos (muitas vítimas só serão reconhecidas por meio de testes de DNA). As ruas estão cobertas de cinzas e carros carbonizados. O governo decretou estado de emergência.
"Uma das cenas mais comuns é gente de carro, né? Tipo, nessas horas, você pegar o carro [é o] mesmo que pedir para não conseguir ir a lugar nenhum, todo mundo tem a mesma ideia e você termina engarrafado", complementou.